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Participação no 56º Congresso Internacional de Americanistas, Salamanca

Atualizado: 25 de set. de 2018

Em 18 de julho de 2018 foram desenvolvidas, no âmbito do 56º Congresso Internacional de Americanistas que teve lugar em Salamanca (Espanha), as discussões do Simpósio “Estado, Capacidades e Integração Regional na América Latina”, sob coordenação de Leonardo Granato (ODELA) e Lorena Granja Hernández (LeRPE).

O Simpósio teve por objetivo contribuir com o debate sobre a autonomia periférica dos países latino-americanos nas Relações Internacionais, bem como sobre os esquemas de integração dela decorrentes e as possibilidades de fortalecer as capacidades estatais mediante sua articulação. A proposta do seminário foi retomar as discussões sobre autonomia e desenvolvimento como conceitos chave das capacidades estatais; nesse sentido, reconhecendo que a tomada de decisões e a capacidade de atuação autónoma dependem de fatores exógenos e endógenos, o seminário planteio o assunto da integração regional como âmbito importante desde donde pensar tais conceitos centrais. Assim, se propus fazer uma reflexão contemporânea sobre as experiências latino-americanas de integração regional à luz da dimensão das capacidades estatais.

Após de uma chamada oficial ampla na que foram recebidas excelentes contribuições, participaram do simpósio: Julia Eder (Johannes Kepler Universitat, Linz, Austria) com o trabalho titulado “Política industrial común para fomentar el desarrollo regional – Una comparación de las estratégias del Mercosur y de la Unión Económica Euroasiática” no qual a autora explica as grandes similitudes estratégicas que podem ser encontradas entre ambos dos processos de integração, lideranças fortes do país maior, com certa dependência dele por parte dos demais parceiros e, no período estudado, ambos processos com uma aposta grande nas políticas industriais neo-desenvolvimentistas como instrumentos para alcançar o desenvolvimento com justiça social. O trabalho faz uma análise comparativa de ambos dos processos regionais e conclui que existem mais similitudes das esperadas entre eles, aparentemente, tão longe territorial e ideologicamente.

Esse trabalho dialogou muito diretamente com o apresentado pela coordenadora da Mesa, Lorena Granja (Universidade do Estado de Rio de Janeiro), titulado “Trayectoria del Mercosur, construyendo integración regional a partir de las capacidades político institucionales?” Onde se perguntava, justamente, pela maneira em como os processos de integração constroem capacidades institucionais para o desenvolvimento em chave regional. O trabalho apontava para as diferentes construções feitas pela tomada de decisões que o Mercosul tem desenvolvido na sua trajetória e mostrava como tais capacidades se triangularam com as derivadas da convergência ideológica entre os governos de turno. O devir político ideológico dos sucessivos governos é quem pauta a maior parte do processo na longa duração?

No mesmo sentido, o trabalho de Fabiana Oliveira (Programa de pós-graduação em Integração, Universidade de São Paulo) y de Vitor Stuart de Pieri (Instituto de Geografia, Universidade Estadual de Campinas) titulado “Nova correlação de forças na América Latina: o lugar dos arranjos de integração sul-americanos na política externa de Michel Temer e de Maurício Macri” refletia sobre as mudanças no tom e na qualidade das políticas que implica a virada para a direita que a região está dando nos últimos tempos, em particular, os autores traziam uma comparação entre as duas estratégias dos maiores países da região (e do Mercosul) com relação aos Estados Unidos, o que deixava a tal país no protagonismo do acionar externo tímido que ambos dos governos estão tendo para com a região latino-americana.

A importância da liderança regional para a construção de integração de maneira assimétrica também foi apontada, embora com um tom mais crítico, pelo trabalho apresentado por Mariano Féliz e Daiana Melón (ambos da Universidade Nacional de La Plata) “El subimperialismo brasileño y la integración regional latino-americana” que enfatizou a través do estudo empírico de dois exemplos do projeto IIRSA a estratégia brasileira de construir liderança a partir da integração mas com interesses estratégicos. Da mesma maneira, o trabalho de Antonia E.Godoy, María Beatriz Lucuix y Miguel Angel Ramirez Martinez, “Factores endógenos de desarrollo en procesos de integración regional. La micropolìtica em cooperativas Argentinas y Mexicanas”, também com certo olhar crítico, estudou comparativamente dois exemplos de políticas regionais implementadas em zonas rurais do México e da Argentina e, a través de um survey feito com atores diretos do processo de integração, concluem que há certa ignorância e retiscencia por parte de tais populações para a implementação de políticas regionais de longa duração.

De forma geral, todos os trabalhos apontaram para reflexões que tivessem não somente à integração regional como transfundo compartilhado, mais também o papel do Estado na construção de tal integração, as estratégias regionais (não somente nacionais) de desenvolvimento e seus desafios em todos os planos, macro e micro, para a implementação e alcance dos objetivos foram estudadas em geral pelas participantes do simpósio e, cada um desde a sua perspectiva e com trabalhos excelentes, contribuíram a moldar as reflexões finais sobre o Estado latino-americano na construção de capacidades para o desenvolvimento que, necessariamente, passassem pelo viés da integração regional como ferramenta de ação para tal objetivo.



 
 
 

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